A Pré-História Do Mato Grosso
do Sul
Ao que tudo indica, as
primeiras ocupações humanas do Centro-Oeste estão vinculadas à presença de
grupos caçadores-coletores que se estabeleceram na região entre o final do
Pleistoceno e o início do Holoceno, entre 12.000 e 10.000 AP . Existem, todavia, datas mais antiga, mas
que, em sua quase totalidade, ainda devem ser vistas com cautela. Este é o
caso, apenas para exemplificar, das datas mais antigas dos sítios Abrigo do Sol
(19.400 ± 1.100 AP e 14.470 ± 140 AP) e Santa Elena (23.320 ± 1.000 AP e 22.500
± 500 AP), ambos em Mato
Grosso , respectivamente estudados por Miller (1983, 1987) e
Vilhena-Vialou e Vialou (1994)). A bem da verdade, uma discussão detalhada
sobre as origens do povoamento humano do Centro-Oeste também passa por incluir
esta questão na pauta dos acirrados debates acerca do início do povoamento de
outras regiões do Brasil e das Américas, o que definitivamente não é o
propósito do presente artigo.
A maioria dos sítios de
caçadores-coletores antigos, ao menos os até agora localizados, encontra-se em
ambientes fechados: abrigos sob rocha em arenito e quartzito e grutas
localizadas em maciços calcários com níveis que atingem até 3 m de profundidade e de 100 a 1.500 m2 de
extensão (Schmitz et al. 1978-1980; Schmitz 1980). Ao que tudo indica, os
caçadores-coletores estariam organizados em pequenos grupos, compostos
provavelmente por algumas famílias, as quais tinham grande mobilidade espacial
em um território imprecisamente demarcado (Schmitz 1984) .
No Centro-Oeste, à exceção do
Pantanal e adjacências, a presença de grupos agricultores e ceramistas está
caracterizada, até onde sabemos, por cinco tradições: Una Aratu, Uru, Tupi-guarani, Bororo
e Inciso Ponteada. Outras tradições, porém, podem existir, mas não foram
detectadas até o presente momento. Este pode ser o caso das regiões do planalto
de Maracaju-Campo Grande, planalto da Bodoquena e bacia do Paraná, em Mato Grosso do Sul,
onde as pesquisas em grande parte iniciaram-se nos anos 90 e, por conseguinte,
muitas áreas ainda não foram extensiva e intensivamente prospectadas.
Embora seja bastante complexo
relacionar manifestações artísticas a determinadas tecnologias líticas ou
ceramistas, alguns autores apontam para a possibilidade de grupos
caçadores-coletores terem produzido arte. Neste caso, estariam aproveitando os
suportes rochosos de abrigos (Simonsen 1975; Schmitz 1984; Vilhena-Vialou e
Vialou 1987; Schmitz et al. 1989; Wüst 1990).
Enfim, sobre a arte rupestre
existente no Centro-Oeste, muito ainda está por ser feito paralelamente ao
estudo dos grupos caçador-coletores, ceramistas e agricultores ceramistas que
se estabeleceram na região.
A Pré-História
do Brasil
A Pré-História do Brasil se refere a uma etapa da História do Brasil que se inicia com o primeiro
povoamento do território atualmente compreendido pelas fronteiras do Estado Nacional
brasileiro (iniciado, acredita-se hoje, há 60.000 anos),
e termina no ano de 1500,
canonicamente estabelecido como o “descobrimento
do Brasil”.
A Pré-história
tradicional geralmente se divide em: Paleolítico,
Mesolítico
e Neolítico
Mas, atualmente, a empregabilidade dessa periodização tem sido revista no mundo
todo. No Brasil, alguns autores preferem trabalhar com as categorias geológicas
de Pleistoceno
e Holoceno.
Nesse sentido, a periodização mais aceita se divide em: Pleistoceno(Caçadores
e Coletores com pelo menos 12 mil anos) e Holoceno, sendo
que este último pode ser denominado por Arcaico Antigo (12 mil a 9 mil anos
atrás), Arcaico Médio (9 mil a 4500 anos atrás) e Arcaico Recente (a partir de 4
mil anos atrás), normalmente relacionado à agricultura e ao desenvolvimento da
cerâmica.
O Estudo da história Brasileira antes de 1500 é feito,
sobretudo, por meio da arqueologia, uma vez que os povos que ocuparam o
território onde hoje se encontra o Estado Nacional brasileiro não possuíam, até onde sabemos
escrita.
O primeiro
estudioso a se indagar sobre o passado brasileiro foi o dinamarquês Peter Wilhelm Lund. Este naturalista foi
responsável pelo estudo de várias reminiscências de plantas antigas nas grutas
da região de Lagoa Santa (Minas
Gerais), onde se fixou, entre 1834 e 1880.
Outro achado
dentro do território nacional que gerou controvérsias entre os primeiros
pesquisadores foram os sítios arqueológicos dos sambaquis, montes
de conchas e outros resíduos acumulados por ação humana.
Os arqueólogos
denominam por fase um complexo cultural onde os elementos são
intimamente associados. Por tradição, os arqueólogos entendem as
práticas e técnicas padrão dos antigos para a confecção, por exemplo, da
indústria lítica e da pintura rupestre. Uma subtradição é uma divisão
dentro da tradição, normalmente porque houve uma diferenciação do padrão
original em dois ou mais padrões novos.
A idade paleolítica
brasileira é normalmente colocada entre 12 mil e 4-2 mil anos, quando do
surgimento e difusão da prática agricultora na região. Antes disso, os homens
viviam de caça, pesca e coleta, fato comprovado por achados arqueológicos e
representações em pinturas pré-cabralinas.
As pinturas
rupestres da região nordestina têm se revelado profundamente instigantes.
Na Toca do baixão da Perna 1, por exemplo, (na área arqueológica de São Raimundo Nonato)foram encontradas pinturas
rupestres que datam de 10500 anos atrás.
As figuras mais
abundantes representam figuras humanas, plantas e animais, mas também são
encontrados grafismos puramente abstratos.
As datações mais
antigas da região amazônica atribuem aos primeiros habitantes da região datas
como 12500 a .C.
É provável que o território já houvesse sido colonizado anteriormente, mas
apenas o avanço da pesquisa na Amazônia
poderá confirmar essa hipótese. Os arqueólogos identificam um desenvolvimento
da técnica de lascar pedras, começando pelo lascamento por percussão e seguindo
para o lascamento por pressão. As mudanças nas técnicas de lascamento são
associadas a diferentes modalidades de caça, uma voltada para os animais de
grande porte, e outra para os animais de pequeno porte.
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