O impacto da conquista da América
Se para os
conquistadores europeus a colonização pode ser considerada uma grande façanha,
para os diversos povos conquistados esse processo foi, certamente, uma
catástrofe. A dizimação dos habitantes originais do continente americano ainda
ecoa entre as populações remanescentes que lutam pelo respeito a sua terra,
cultura e liberdade. Nos séculos XV e XVI, o que seria a América na visão dos
europeus? E na visão dos indígenas?
Choque
de “humanidades”.
O contato entre
europeus e indígenas.
Historiadores afirmam que antes da chegada dos
europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente.
Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos,
aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de
acordo com o tronco linguístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do
litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia)
e caraíbas (Amazônia). Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam
o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e
protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas.
Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O
contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade
cultural.
A sociedade indígena na
época da chegada dos portugueses. O
primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza
para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a
mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam
naquela época, graças a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivão da expedição de Pedro
Álvares Cabral) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas. Os
indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da
agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente
mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois
utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o
solo para o plantio). Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por
exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha.
Na Carta de Caminha é relatado que os índios se espantaram ao entrar em contato
pela primeira vez com uma galinha. As tribos indígenas possuíam uma relação
baseada em regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia
em momentos de guerras, casamentos, cerimônias de enterro e também no momento
de estabelecer alianças contra um inimigo comum. Os índios faziam objetos
utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita
muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua
sobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas
habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e
outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas
e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer
roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para
fazer pinturas no corpo.
Os contatos entre indígenas e portugueses Os
primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha
relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses
começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitos
indígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos
para os indígenas em troca de seu trabalho. O canto que se segue foi muito
prejudicial aos povos indígenas. Interessados nas terras, os portugueses usaram
a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos
ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras.
Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequeno número
de índios que temos hoje. A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era
eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto,
deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era
considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão,
acreditava que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios
seguirem a cultura europeia. Foi assim, que aos poucos, os índios foram
perdendo sua cultura e também sua identidade.
Canibalismo
Algumas tribos eram
canibais como, por exemplo, os tupinambás que habitavam o litoral da região
sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam que ao
comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia e
conhecimentos. Desta forma, não se alimentavam da carne de pessoas fracas ou
covardes. A prática do canibalismo era feira em rituais simbólicos. Religião
Indígena Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos
diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos
espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais,
cerimônias e festas. O pajé era o responsável por transmitir estes
conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar o
corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam os
objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após a
morte.
Os
Maias: as cidades-templos
Templo Maia
A civilização maia
desenvolveu-se na península de Yucatán, no território que atualmente Belize,
Honduras, Guatemala e parte do México.
O esplendor da
sociedade maia é fundamentalmente explicado pelo controle e as disciplinas
empregadas no desenvolvimento da agricultura. Entre os vários alimentos que
integravam a dieta alimentar dos maias, podemos destacar o milho, produto de
grande consumo, o cacau, o algodão e o agave. Para ampliar a vida útil de seus
terrenos, os maias costumavam organizar um sistema de rotação de culturas. O
processo de organização da sociedade era bastante rígido e se orientava pela
presença de três classes sociais. No topo da hierarquia encontramos os
governantes, os funcionários de alto escalão e os comerciantes. Logo em
seguida, temos funcionários públicos e os trabalhadores especializados. Na base
da pirâmide ficavam os camponeses e trabalhadores braçais.
Os maias tiveram uma
ampla gama de conhecimentos desenvolvidos no interior de sua cultura. De acordo
com algumas pesquisas, eles utilizavam um sistema de contagem numérico baseado
em unidades
vigesimais e, assim como os olmecas, utilizavam do número “zero”
na execução de operações matemáticas. Além disso, criaram um calendário
bastante próximo ao sistema anual empregado pelos calendários modernos. Por
volta do século XIII, a sociedade maia entrou em colapso. Ainda hoje, não
existe uma explicação que consiga responder a essa última questão envolvendo a
trajetória dos maias. Recentemente, um grupo de pesquisadores norte-americanos
passou a trabalhar com a hipótese de que a crise desta civilização esteja
relacionada à ocorrência de uma violenta seca que teria se estendido por mais
de dois séculos.
Astecas:
grandes conquistadores
Até o século XIII, na
porção noroeste do México, observamos a presença de uma pequena tribo
seminômade na região Aztlan. Por razões históricas não muito bem esclarecidas,
essa população decidiu se deslocar para a direção sul, até alcançar o
território do lago Texcoco, no vale do México. Após derrotar algumas populações
que dominavam a região, este povo foi responsável pela criação da civilização
asteca. Ao longo de dois séculos de dominação, os astecas formaram um imponente
império contendo mais de quinhentas cidades e abrigando mais de quinze milhões
de habitantes. Nesse processo de deslocamento, também é importante falar sobre
o estabelecimento da agricultura como atividade econômica fundamental. Graças à
agricultura, os astecas tornaram-se uma numerosa civilização.
Primeiramente, as
técnicas de plantio rudimentares se aliavam a uma latente indisponibilidade de
terras propícias ao plantio. Contudo, esse obstáculo foi superado através da
dominação do sistema de chinampas. Na chinampa, temos uma esteira posta sobre a
superfície das regiões alagadiças. Na parte superior dessas esteiras, a fértil
lama do fundo desses terrenos alagados era aproveitada para a plantação. A
dieta dos astecas era basicamente dominada pelo consumo de pratos feitos a
partir do milho. Além disso, consumia um líquido extraído do cacau, conhecido
como xocoalt, uma espécie de ancestral do popular chocolate. Tabaco, algodão,
abóbora, feijão, tomate e pimenta também integravam a rica mesa dos astecas.
Curiosamente, o consumo de algumas carnes era reservado a membros das classes
privilegiadas.
Sociedade
Portadores de uma forte
cultura voltada ao conflito, os astecas tinham sua sociedade controlada por uma
elite militar. O rei era o líder maior de todos os exércitos e exercia as
principais funções políticas ao lado de outro líder destinado a criação de
leis, a distribuição dos alimentos e a execução de obras públicas. Logo após
essa elite política, tínhamos os militares e sacerdotes limitados à elite da
sociedade asteca. Logo em seguida, tínhamos a presença de comerciantes e
artesãos que definiam a classe intermediária. O comércio tinha grande
importância na civilização asteca, a troca comercial geralmente envolvia
gêneros agrícolas, artesanato, tecidos, papel, borracha, metais e peles. Em
algumas situações, os comerciantes atuavam como espiões e, por isso, recebiam a
isenção de impostos. Os camponeses ocupavam a mais baixa posição da hierarquia
social asteca. Também devemos assinalar a existência de uma pequena população
de escravos, obtidos por meio dos conflitos militares. A única via de ascensão
acontecia por meio de algum ato de bravura executado em guerra. O soldado era
prestigiado com a doação de terras, joias e roupas.
A cultura e o saber dos
astecas tiveram expressão nos mais diversificados campos. Assim como os maias,
estabeleceram a criação de um calendário que organizava a contagem do tempo e
também cunharam um sistema de escrita. Em suma, a escrita deste povo era dotada
de um sistema pictórico que combinava o uso de objetos e figuras e outro
hieroglífico, sistematizado por símbolos e sons. A medicina asteca não
reconhecia limites e distinções para com as práticas religiosas. Curandeiros e
sacerdotes integravam uma rica cultura religiosa cercada por vários dos deuses
formadores de uma complexa mitologia fornecedora de sentido a vários eventos e
dados da cultura asteca. Em algumas festividades, o sacrifício e o derramamento
de sangue humano integravam os rituais astecas.
Incas:
o povo das montanhas
Os Incas foram um dos
povos mais civilizados da América. Compunham, principalmente as tribos
Quéchuas, Aymará, Yunka, etc, que formavam, segundo os espanhóis o Império dos
Incas, denominação derivada da família reinante pertencente à tribo dos
Quéchuas, a principal do império. Habitava a região hoje ocupada pelo Equador, Peru,
norte do Chile, Oeste da Bolívia e noroeste da Argentina.
Quanto a organização
social e política segundo o testemunho espanhol, eles eram perfeitos,
possuidores de espírito comunitários. Adoravam o Sol reencarnado em cada Inca
ou imperador, que era filho do Grande Sol, deste modo o Imperador era
considerado deus dentre o povo. Os mortos eram sepultados não somente em
templos, mas também em torres túmulos e covos (denominados Chullpas).
Praticamente a agricultura que havia atingido entre eles, notável
desenvolvimento, demonstrado pelas obras de irrigação. Os Incas empregavam
fartamente os metais, cobre bronze, ouro, prata, o que despertou a cobiça dos
conquistadores.
O
impacto na América
Visões do europeu pelo
indígena:
O imaginário indígena
certamente foi despertado: aqueles homens que chegavam eram inimigos, deuses,
demônios, impostores, loucos? Todas essas imagens dependeram do grupo indígena
contatado e do momento que isso ocorreu. Os indígenas queriam entender quem
eram aqueles homens tão diferentes que chegavam de um mundo desconhecido por
eles.
Violência contra os
indígenas:
Ø Violência
das armas;
Ø Violência
das doenças contagiosas;
Ø Violência
dos povos rivais;
Ø Violência
da escravidão;
Ø Violência
cultural.
O
impacto na Europa
Visões do indígena pelo
europeu:
Conquistadores,
aventureiros, missionários religiosos e estudiosos interessaram-se em conhecer
as formas de viver e de ser dos povos da América. Muitas versões desses
habitantes foram construídas, em particular nas crônicas de viagem que falavam
de monstros e seres fantásticos, muitas vezes resgatados do imaginário europeu
baseado nas mitologias da antiguidade. Também aconteceram desdobramentos morais
e filosóficos, como a discussão sobre a natureza bestial e inferior dos
indígenas e a sua contraposição que foi a construção da figura do “bom
selvagem”, um ser humano “puro” e “natural” que ainda vivia no paraíso bíblico.
Transformações na vida europeia
A conquista e a
exploração da América trouxeram também transformações para alguns setores das sociedades
da Europa:
Ø Altos
lucros dos comerciantes e banqueiros;
Ø Mudança
do eixo econômico mundial para o oceano atlântico;
Ø Os
países que investiram nas navegações alcançaram o status de “potência”;
Ø Novos
mercados;
Ø Difusão
de novos conhecimentos adquiridos no contato com os povos indígenas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário