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terça-feira, 13 de junho de 2017

Egito Antigo

 Civilização Egípcia 


Imagem: Prof. Fabiano Camargo

Na África, a civilização egípcia desenvolveu-se no fértil vale do rio Nilo. Inundado anualmente, durante a cheia, o Nilo depositava uma camada de húmus sobre a terra, que, cultivada, proporcionava colheitas abundantes. É nesse cenário que se inicia nosso estudo do Egito Antigo.
Por meio da construção dediques e barragens, o trabalho humano modificou o traçado do rio e melhorou as plantações. A agricultura gerava grãos duros e resistentes como o trigo e a cevada, que, mantidos secos em armazéns, alimentavam contingentes populacionais cada vez maiores.
As navegações a remo e a vela eram aperfeiçoadas continuamente. Para se ir ao norte bastava seguir a corrente do rio. Em sentido contrário era suficiente aproveitar os ventos que sopram constantemente do mar Mediterrâneo em direção ao sul.


A importância do Rio Nilo no Antigo Egito

 
Imagem: Prof. Fabiano Camargo

  • A agricultura ganhava “chuvas” de junho a setembro (período das cheias), desencadeando um fenômeno curioso: o Nilo transbordava, mas fertilizava o solo depositando matéria orgânica (húmus) naquela área desértica. Essa era basicamente a principal importância do Rio Nilo para o Egito.
  • A pesca também era uma atividade presente. Os peixes eram abundantes do rio, servindo para o comércio e a alimentação do próprio povo.
  • O rio, de forma indireta, estimulou o povo egípcio a desenvolver sua inteligência, para medir, calcular e planejar no período das cheias (era necessário trazer camponeses logo após as cheias e retirá-los um tempo depois, assim como afastar o povo das margens antes que o rio transbordasse. Também construíam diques para proteger a cidade de catástrofes). Tudo isso ocasionou no desenvolvimento da matemática e da geometria.
  • A locomoção e o transporte de cargas, numa época sem estradas ou automóveis, eram feitas pelo rio, em embarcações de diversos tamanhos.
O Nilo nasce a sul da linha do Equador e deságua no mar Mediterrâneo. É tão grande que sua bacia (de 3 349 000 km²), abrange, além do Egito, Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quénia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul e Etiópia. Seu comprimento é de 7 008 km a partir da fonte mais remota. O rio é formado pela confluência de três outros, o Nilo Branco, o Nilo Azul e o Rio Atbara. Também possui cataratas e barragens ao longo de seu curso. Obviamente, sendo tão grande, foi (e ainda é) bastante explorado.

Imagem: Prof. Fabiano Camargo

Atualmente, o rio Nilo ainda possui muita importância. Com a usina hidrelétrica de Aswan ou Assuã (construída em 1971 e acabou resultando na perda do período das cheias e vazantes, “obrigando” os agricultores a adotarem os meios convencionais de cultivo), por exemplo, ou até como uma “antiquada” via de transporte.

Curiosidades sobre o rio Nilo

  • Os antigos egípcios o chamavam de itéru, que significava “grande rio” e também de Aur ou Ar, que significa “negro”.
  • 90% da civilização do Egito mora às margens do rio.
  • As planícies irrigadas permanentemente por ele podem chegar a produzir três colheitas por ano.
Imagens: Fabiano Camargo

O poder dos faraós

Imagem: Prof. Fabiano Camargo

O Estado egípcio era teocrático, isto é, o poder era justificado pela religiosidade. O faraó era tido como uni deus vivo: filho do Sol (Amon-Rá) e encarnação do deus-falcão (Hórus). Rira os egípcios toda a felicidade dependia do faraó e seu poder era ilimitado. Comandava os exércitos, aplicava a justiça, organizava as atividades econômicas. Ostentava uma coroa e um cetro, símbolos de sua autoridade.
O poder do faraó estendia-se a todos os setores da sociedade. Como senhor supremo, comandava um exército de funcionários que recolhiam impostos, fiscalizavam obras de irrigação, administravam projetos de construção, controlavam a terra, mantinham registros e supervisionavam os armazéns governamentais, onde o cereal era guardado para o caso de unia má colheita. Para os povos do Egito Antigo, o faraó era o pai e a mãe dos homens; um governante imbuído de autoridade sobrenatural para recrutar o trabalho em massa necessário à manutenção do sistema de irrigação.

A sociedade egípcia

Abaixo do faraó encontrava-se a nobreza composta pela família real, pelos altos funcionários, e pela casta dos sacerdotes, que detinham muito poder e tinham muita influência com o faraó. Os sacerdotes administravam todos os bens que os fiéis e o próprio Estado ofereciam aos deuses.
As funções da nobreza eram hereditárias, ou seja, passavam de pai para filho. Abaixo da nobreza, estavam os numerosos escribas, funcionários modestos, inúmeros sacerdotes de pequenos templos, oficiais militares, artistas e artesãos especializados a serviço do faraó ou da corte.
E, finalmente, sustentando as outras camadas, na base da pirâmide, estavam os trabalhadores, que prestavam serviços sobretudo nas pedreiras, minas, pirâmides, oficinas artesanais, agricultura.



Imagem: Prof. Fabiano Camargo

Esses trabalhadores compunham a grande maioria da população. Viviam com muita dificuldade, frequentemente eram analfabetos, pagavam tributos ao Estado em forma de cereais, linho, gado ou outros produtos. Eram também forçados a trabalhar em obras públicas na época da inundação do Nilo. Moravam em cabanas e vestiam-se com roupas grosseiras.
A maior parte dos trabalhadores era composta pelos camponeses, que eram obrigados a trabalhar, sem qualquer remuneração, nas obras públicas do Estado. Os escravos estrangeiros também compunham a sólida base da pirâmide social. Trabalhavam, principalmente, nas minas e pedreiras do Estado, nas terras reais e nos templos, muitas vezes faziam parte do exército em época de guerra e eram utilizados como escravos domésticos.

A religião dos egípcios

Após a morte, a alma seria conduzida pelo deus Anúbis até o Tribunal de Osíris. Levaria consigo o Livro dos mortos, redigido pelos escribas e que testemunhava suas virtudes, e seria julgada pelo deus Osíris na presença de 42 deuses. Seu coração seria colocado num dos pratos de uma balança e deveria pesar menos que a pena que se encontrava no outro prato. Se fosse absolvida, a alma retornaria para encontrar o corpo.

Imagem: Prof. Fabiano Camargo

Para isso se faziam inscrições nas paredes dos túmulos. Mas se fosse condenada, a alma seria devorada por uma deusa com cabeça de crocodilo.
Os egípcios adoravam muitos deuses, por isso eram politeístas. Alguns representavam o poder da natureza, como o Sol, a Terra e a Lua; outros representavam ideias, como a verdade e a justiça; e outros ainda misturavam a forma humana e animal. Estes eram os deuses antropozoomórficos.

Antigo Império (3200 a.C. – 2300 a.C.)

Imagem: Prof. Fabiano Camargo

A época dos primeiros faraós ficou conhecida como Antigo Império Egípcio. Foi nesse período que os faraós tornaram-se grandes edificadores. O tijolo foi substituído pela pedra para se construir as pirâmides.
Sob forte controle do Estado, por volta do século XXVII a.C., ergueram-se as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, faraós da IV dinastia, e a esfinge de Gizé. O território se estendeu e o comércio marítimo no Mediterrâneo oriental se ampliou.
Por volta de 2300 a.C. a relativa estabilidade do Antigo Império foi interrompida por diversos problemas internos: diminuição das enchentes do Nilo, fome, pestes, gastos do Estado e revoltas sociais.
Em meio às disputas pelo poder, os chefes dos nomos tornaram-se mais independentes. Aos poucos o poder centralizador do faraó ia desaparecendo. A crise política desorganizava a produção agrícola, fragilizando ainda mais a economia, Era o início de uma época de dificuldades que facilitariam as invasões asiáticas, O Antigo Império chegava ao fim.

Médio Império (2000 a.C. – 1 580 a.C.)


Imagem: Prof. Fabiano Camargo

No século XXII a.C., os governantes de Tebas afirmaram seu poder e fundaram a XI ditiastia, dos Mentuhoep, dando início ao Médio Império, com capital em Tebas. Os canais de irrigação e contenção foram ampliados e as aéreas de agricultura cresceram. O comércio também se desenvolveu, favorecendo maior contato com outros povos.
A construção de templos e tumbas marcava a força de um Estado que privilegiava poucos e explorava as comunidades camponesas. Questões sociais e econômicas mais uma vez alimentavam as pressões políticas e abalavam o poder dos faraós. Os camponeses protestavam enquanto as elites locais voltavam a exigir mais poder.
As divisões internas facilitaram a penetração dos hebreus e dos hicsos, que tiveram seu domínio facilitado pelo uso em larga escala de cavalos, carros de guerra e armas mais resistentes, desconhecidas dos egípcios.

Novo Império (1 580 a.C. – 525 a.C.)



Imagem: Prof. Fabiano Camargo

O sentimento de identidade cultural que crescia entre os egípcios, em meio à luta contra os hicsos, acabou voltando-se contra os hebreus, que findaram dominados e escravizados. Por volta de 1 250 a.C., os hebreus, sob a liderança de Moisés, conseguiram fugir do Egito, no episódio que ficou conhecido como Êxodo, registrado no Antigo Testamento da Bíblia.
No Novo Império, um Egito militarizado ampliava seus domínios. Alargaram-se as fronteiras, da Núbia até o Eufrates. Ocorre uma aceleração no intercâmbio cultural e comercial com outros povos. Os fenícios, por exemplo, adquiriam os excedentes
agrícolas egípcios e os revendiam por toda a bacia do Mediterrâneo.

Múmias do Egito Antigo e a Mumificação


Imagem: Prof. Fabiano Camargo

De acordo com a religião egípcia, a alma da pessoa necessitava de um corpo para a vida após a morte. Portanto, devia-se preservar este corpo para que ele recebesse de forma adequada a alma. Preocupados com esta questão, os egípcios desenvolveram um complexo sistema de mumificação.

O processo de mumificação


O processo era realizado por especialistas em mumificação e seguia as seguintes etapas:


1º - O cadáver era aberto na região do abdômen e retirava-se as víceras (fígado, coração, rins, intestinos, estômago, etc. O coração e outros órgãos eram colocados em recipientes a parte. O cérebro também era extraído. Para tanto, aplicava-se uma espécie de ácido pelas narinas, esperando o cérebro derreter. Após o derretimento, retirava-se pelos mesmos orifícios os pedaços de cérebro com uma espátula de metal.


2º - O corpo era colocado em um recipiente com natrão (espécie de sal) para desidratar e também matar bactérias.


3º - Após desidratado, enchia-se o corpo com serragem. Aplicava-se também alguns “perfumes” e outras substâncias para conservar o corpo. Textos sagrados eram colocados dentro do corpo.


4º - O corpo era envolvido em faixas de linho branco, sendo que amuletos eram colocados entre estas faixas. 

Após a múmia estar finalizada, era colocada dentro de um sarcófago, que seria levado à pirâmide para ser protegido e conservado. O processo era tão eficiente que, muitas múmias, ficaram bem preservadas até os dias de hoje. Elas servem como importantes fontes de estudos para egiptólogos. Com o avanço dos testes químicos, hoje é possível identificar a causa da morte de faraós, doenças contraídas e, em muitos casos, até o que eles comiam. 


Graças ao processo de mumificação, os egípcios avançaram muito em algumas áreas científicas. Ao abrir os corpos, aprenderam muito sobre a anatomia humana. Em busca de substâncias para conservar os corpos, descobriram a ação de vários elementos químicos.


Curiosidades: 

- Para transformar um corpo em múmia era muito caro naquela época. Portanto, apenas os faraós e sacerdotes eram mumificados.

- Alguns animais como, por exemplo, cães e gatos também foram mumificados no Egito Antigo.

A escrita no Egito Antigo


Hieroglifos
A escrita egípcia era usada para fins sacros e cotidianos. Existiam três tipos de escrita no Antigo Egito, a mais famosa são os hieróglifos, conjunto de símbolos, que mais tarde evoluiu para o hierático, mais cursivo, e depois para o demótico, quando a civilização egípcia passou a ter mais contato com a cultura grega e romana.
Antes de 3000a.C já usava-se hieróglifos como escrita, ou seja, é um dos registros mais antigos da história da civilização. Esse tipo de escrita tem um papel monumental e religioso, enfeitava túmulos, lápides e paredes de palácios. Era um tipo de escrita difícil, criptográfica e usada pela elite como instrumento de poder.
Os escribas eram homens de uma classe privilegiada dentro da sociedade egípcia. Para exercer essa função precisavam ter uma educação especializada e quando se formavam assumiam cargos públicos no governo, sendo responsáveis por todas as atividades burocráticas. Eles eram responsáveis por contabilizar os tributos pagos ao governo, redigiam leis, documentos de cunho religioso, histórico e pessoal do faraó entre outras atividades.
Durante séculos os hieroglifos não puderam ser compreendidos por historiadores e outros estudiosos, mas depois das expedições de Napoleão Bonaparte ao Egito, houve grande incentivo às pesquisas sobre documentos e as escavações em todo Egito. Essa iniciativa contribuiu para o maior entendimento da escrita egípcia antiga, assim como da sua sociedade, já que muitas vezes esses documentos retratavam o cotidiano dos egípcios e seu modo de vida.

Um dos monumentos mais importantes que foram encontrados foi a Pedra Roseta, uma lápide do faraó Ptolomeu. Nela estava escrita um texto de agradecimento ao monarca em três tipos de escrita diferentes: em grego, hieroglifos e demótico.


Pedra Roseta

Imagem: Prof. Fabiano Camargo

Foi a partir desse texto que se pôde traduzir os hieróglifos, afinal a tradução grega ajudou os estudiosos a entender os símbolos egípcios. O maior responsável por essa tradução foi o estudioso francês, Champollion que acompanhou a comitiva de cientistas de Napoleão e teve a oportunidade de decifrar os misteriosos hieróglifos.  
A arte egípcia, por sua vez, era um instrumento político e religioso. Nos três mil anos de história dessa civilização, a arte serviu para divulgar as doutrinas religiosas, retratar os deuses e os faraós, em um estilo padronizado que pouco mudou durante todo esse tempo.

Arte Egípcia

Imagem: Prof. Fabiano Camargo

Essa arte encontra-se estampada nas paredes de túmulos pertencentes a faraós, nos palácios onde esses moravam e em templos religiosos. O que se constata nos desenhos feitos nesses ambientes são representações da mitologia egípcia, a credibilidade na vida após a morte e a importância da figura do faraó. Nesse caso, da importância social, os personagens eram retratados segundo a hierarquia social por tamanho, os maiores ocupavam melhor posição social que os menores.
A padronização artística é importante nesse caso, os artistas não tinham liberdade de usar um estilo próprio, eles deveriam seguir padrões pré-determinados. Os desenhos obedeciam principalmente a lei da frontalidade, que consiste na representação humana sempre com o tronco de frente e os pés e a cabeça de perfil. É perceptível também a linearidade presente nessas representações, a ausência de profundidade e a paleta de cores variando basicamente entre preto, marrom e branco.
As esculturas, eram feitas, primeiramente, com o objetivo de substituir alguém que acabara de morrer. As primeiras eram sempre feitas de barro, mas conforme a sociedade egípcia foi se desenvolvendo, foi possível trabalhar com metais, como ouro, cobre e outros. Eram produzidos além de esculturas, caixões com o formato exato do corpo do faraó e até máscaras moldado em seu rosto para ser usada nas mumificações.


A economia no Antigo Egito



Imagem: Prof. Fabiano Camargo

A economia no Antigo Egito era baseada na agricultura. O rio Nilo, com suas cheias, era uma dádiva dos deuses para os egípcios. As terras cultivadas pertenciam ao Faraó, considerado pelo seu povo rei, Deus e senhor absoluto, mas eram controladas pelos sacerdotes, escribas e chefes militares que administravam os trabalhadores livres e os escravos que ali cultivavam a terra.

Uma das características da economia egípcia era o poder centralizador do Estado na figura do Faraó. A pedido do Imperador, os artesãos eram requisitados para a construção de templos e para a fabricação de armas para o exército. Com isso o comércio externo tornou-se possessão do Estado, pois só ele dispunha de material em demasia para a exportação.

Era comum o cultivo do linho, do algodão, da vinha, dos cereais e da oliveira. Os animais mais utilizados nesse período foram o boi e o asno, mas existia a criação de carneiros, cabras e gansos. O uso do cavalo só ocorreu no nono império, e o camelo, animal símbolo da civilização egípcia, só foi utilizado na época de Ptolomeu. Apesar de a agricultura ser a principal base econômica, já existiam em pequena quantidade indústrias de cerâmicas, de mineração e têxteis.

Os povos egípcios comercializavam através do Mediterrâneo, ao que tudo indica, foram os precursores. A matéria-prima para a construção dos barcos vinha da Fenícia e o pagamento era baseado na troca de objetos de arte e metais preciosos. O Egito também mantinha relações comerciais com a Arábia e a Índia.

Os gregos forneciam plantas que serviriam como uma das matérias primas utilizadas no processo de mumificação. Através de uma feitoria concedida na margem esquerda do Delta, os estabelecimentos comerciais que ali existiam efetuavam trocas, como o vinho, o azeite, a cerâmica e alguns produtos metalúrgicos pelo trigo que faltava em suas cidades de origem. As pequenas operações comerciais internas eram feitas por troca direta, não existiam moedas, porém circulavam objetos de cobre e de ouro com peso estável.

Religião no Antigo Egito

A religião exerceu bastante influência na vida do povo do antigo Egito. É ainda um dos aspectos dessa grande civilização antiga sob os quais os arqueólogos talvez mais tenham conhecimento, devido às já famosas pirâmides, lugar de descanso eterno de importantes faraós, além da grande quantidade de múmias encontradas, textos mortuários e similares.
No antigo Egito, entendia-se que homem e natureza deveriam conviver em harmonia para sempre. Seu culto era politeísta (crença em vários deuses, ao invés de um apenas, como na religião cristã), onde cada deus atuava em um campo específico da vida dos cidadãos. Haviam também deuses que combinavam o aspecto de homem e de outros animais, como por exemplo Anúbis, retratado com cabeça de chacal e corpo humano.
A criação do mundo de acordo com o culto egípcio prega que no início de tudo havia apenas o Oceano Primal, um enorme oceano envolto em trevas. Apesar de conter dentro de si toda a matéria que depois se desenvolveria em vida, assim permaneceu, inerte, durante longo tempo. É então que Nu, espírito da água primeva e pai dos deuses, decide por criar o mundo, e ao pronunciar a palavra, o mundo existiu, na forma previamente traçada na mente do espírito criador. A seguir, criou o ovo (ou então flor em alguns relatos) do qual salta Ra, deus sol, onde se acreditava estar o poder absoluto do espírito divino.
Mas sem dúvida o conceito mais intrigante do culto egípcio era o que envolve a ressureição a uma vida futura, e a preparação dos mortos para esta passagem de um nível para outro. O conceito de mumificação estava diretamente ligado a esse aspecto, pois, para os egípcios, sem um corpo íntegro (sem mutilações) para se enterrar, a alma do morto não poderia entrar incólume na vida eterna. Assim, todo cidadão, ao morrer, passaria pelo processo de mumificação, ou seja, de preservação de seu corpo. Todo este cerimonial estava ligado ao culto de Osíris, uma das deidades mais populares do Egito antigo, que, segundo a crença, fora esquartejado em 14 pedaços por Set, sendo ressuscitado por Ísis, sua irmã e esposa. Da união de Ísis e Osíris surge Hórus, que derrotaria Set, vingando seu pai. Osíris era exemplo na causa da ressurreição dos mortos.
Além desse aspecto mais conhecido, os egípcios tinham por hábito eleger um deus como protetor de sua cidade. Além disso, eram erguidos vários templos para adoração de uma divindade em especial, onde se realizavam rituais e oferendas.
A religião ainda estava presente na estrutura de poder desta antiga civilização. O faraó declarava parentesco com os deuses e era neles que apoiava sua monarquia. Era o poderoso monarca que poderia assim, com sua ligação divina, proporcionar uma agricultura fértil, além de uma ótima condição de vida a cada cidadão.
Com as constantes invasões estrangeiras, o culto local acaba entrando em decadência. Primeiro, ele se mistura com a religião grega, e vai acumulando outros elementos quando o Egito é anexado pelo Império Romano. Com a ascensão do cristianismo, o Egito é um dos lugares onde a nova religião mais prospera, e por volta do século IV da nossa era, os últimos templos de culto aos deuses egípcios eram demolidos.

 Por Prof. Fabiano Camargo

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