No fim do século XVII a
produção açucareira no Brasil enfrenta uma séria crise devido à prosperidade
dos engenhos açucareiros nas colônias holandesas. Isto
ocorreu, pois a Holanda havia começado a produzir este produto nas ilhas da
América Central. Com preços mais baixos e boa qualidade, o mercado consumidor
europeu passou a dar preferência para o açúcar holandês. Esta crise no mercado
de açúcar brasileiro colocou Portugal numa situação de buscar novas fontes de
renda, pois como sabemos, os portugueses lucravam muito com taxas e impostos
cobrados no Brasil. Foi neste contexto que os bandeirantes, no final do século
XVII, começaram a encontrar minas de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Portugal viu nesta atividade uma nova fonte de renda.
Bandeirante em busca das minas de ouro no final do século XVII.
A primeira grande
descoberta deu-se nos sertões de Taubaté, em 1697, quando o então governador do
Rio de Janeiro Castro Caldas anunciou a descoberta de ouro da melhor qualidade
pelos paulistas. Neste mesmo ano, em janeiro, a Coroa havia enviado a Carta Régia
onde prometia ajuda de custo ao Governador Arthur de Sá para ajudar nas buscas
pelos metais preciosos.
Iniciou-se então a
primeira “corrida do ouro” da história moderna durante
todo século XVIII. A quantidade de gente aportando no Brasil e, deixando
Portugal, era tamanha que em 1720, D. João V criou uma lei para controlar a
saída dos portugueses. A lei, claro, não adiantou muito e em 1709 passaram a
serem adotadas licenças especiais e mesmo passaportes como tentativa de frear o
fluxo emigratório português. De 300 mil habitantes em 1690, a colônia passara a
cerca de 2.000.000.
Brasileiros de todas as
partes, e até mesmo portugueses, passaram a migrar para as regiões auríferas,
buscando o enriquecimento rápido. Doce ilusão, pois a exploração de minas de
ouro dependia de altos investimentos em mão-de-obra, como escravos africanos,
equipamentos e compra de terrenos. Somente os grandes proprietários rurais e
grandes comerciantes conseguiram investir neste lucrativo mercado.
Corrida do ouro.
Cobrança de impostos
A coroa portuguesa
lucrava com a cobrança de taxas e impostos. Quem encontrava ouro na colônia
deveria pagar o quinto. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição (órgão do governo português), que
derretia o ouro, transformava-o em barras com o selo da coroa portuguesa e
retirava 20% (um quinto) para ser
enviado para Portugal. Este era o procedimento legal e exigido pela coroa
portuguesa, porém, muitos sonegavam mesmo correndo riscos de prisão ou outras
punições mais sérias como, por exemplo, o degredo (curto período de exílio no exterior, ao serviço da coroa).
Barras de ouro com o Selo da Coroa Portuguesa.
Além do quinto,
Portugal cobrava de cada região aurífera certa quantidade de ouro (aproximadamente 1000 kg anuais). Quando
esta taxa não era paga, havia a execução da derrama (soldados que entravam nas residências e
retiravam os bens dos moradores até completar o valor devido). Esta
cobrança gerou muito revolta entre a população.
Durante o século XVIII,
auge do período de exploração do ouro no Brasil, diversos povoamentos foram
fundados. Esta foi a medida encontrada pela Coroa para tentar acalmar um pouco
o verdadeiro caos que se instalara na colônia com cidades inteiras sendo
abandonadas por seus habitantes que saíam em busca de ouro nos garimpos.
Desenvolvimento das cidades
Após a queda de
produção do sistema de exploração
aurífera de aluvião, passou a serem necessárias técnicas mais refinadas que
exigiam a permanência por maior período do garimpeiro junto aos locais de
exploração o que também contribuiu para o estabelecimento das vilas.
Escravo explorando o ouro com bateia.
Garimpeiro nos dias atuais com a bateia.
Foi nesse período que
foram fundadas as Vilas de São João Del
Rei, Ribeirão do Carmo, atual Mariana, Vila Real de Sabará e Vila Rica de Ouro
Preto, atual Ouro Preto, além de outras.
Porém, a Coroa, que já
impusera o imposto do Quinto quando do começo das explorações, onde exigia que
um quinto de tudo que fosse extraído seria dela por direito, ainda resolvera
completar a carga tributária com mais impostos gerando uma série de
insatisfações.
A exploração do ouro no
Brasil teve grande importância porque deslocou o eixo político-econômico da
colônia para região sul-sudeste, com o estabelecimento da capital no Rio de
Janeiro. Outro fator importante foi a ocupação das regiões Brasil adentro e não
apenas no litoral como se fazia até então.
A exploração aurífera
possibilitou ainda, um enorme crescimento demográfico e o estabelecimento de um
comércio e mercado interno, uma vez que os produtos da colônia não eram mais
apenas para exportação como ocorria com o açúcar e o tabaco do nordeste e fez
com que surgisse a necessidade de uma produção de alimentos interna que pudesse
suprir as necessidades dos novos habitantes.
Fonte: Professor Fabiano Camargo
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