Civilização Egípcia
Na África, a civilização egípcia desenvolveu-se no fértil vale do
rio Nilo. Inundado anualmente, durante a cheia, o Nilo depositava uma
camada de húmus sobre a terra, que, cultivada, proporcionava colheitas
abundantes. É nesse cenário que se inicia nosso estudo do
Egito Antigo.
Por meio da construção dediques e barragens, o trabalho humano
modificou o traçado do rio e melhorou as plantações. A agricultura
gerava grãos duros e resistentes como o trigo e a cevada, que, mantidos
secos em armazéns, alimentavam contingentes populacionais cada vez
maiores.
As navegações a remo e a vela eram aperfeiçoadas continuamente. Para
se ir ao norte bastava seguir a corrente do rio. Em sentido contrário
era suficiente aproveitar os ventos que sopram constantemente do mar
Mediterrâneo em direção ao sul.
A importância do Rio Nilo no Antigo Egito
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
- A agricultura ganhava “chuvas” de junho a setembro
(período das cheias), desencadeando um fenômeno curioso: o Nilo
transbordava, mas fertilizava o solo depositando matéria orgânica (húmus) naquela área desértica. Essa era basicamente a principal importância do Rio Nilo para o Egito.
- A pesca também era uma atividade presente. Os peixes eram abundantes
do rio, servindo para o comércio e a alimentação do próprio povo.
- O rio, de forma indireta, estimulou o povo egípcio a desenvolver sua
inteligência, para medir, calcular e planejar no período das cheias
(era necessário trazer camponeses logo após as cheias e retirá-los um
tempo depois, assim como afastar o povo das margens antes que o rio
transbordasse. Também construíam diques para proteger a cidade de
catástrofes). Tudo isso ocasionou no desenvolvimento da matemática e da
geometria.
- A locomoção e o transporte de cargas, numa época sem estradas ou
automóveis, eram feitas pelo rio, em embarcações de diversos tamanhos.
O Nilo nasce a sul da linha do Equador e deságua no mar
Mediterrâneo. É tão grande que sua bacia (de 3 349 000 km²), abrange,
além do Egito, Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quénia, República Democrática
do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul e Etiópia. Seu comprimento é de 7
008 km a partir da fonte mais remota. O rio é formado pela confluência
de três outros, o Nilo Branco, o Nilo Azul e o Rio Atbara. Também possui
cataratas e barragens ao longo de seu curso. Obviamente, sendo tão
grande, foi (e ainda é) bastante explorado.
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
Atualmente, o rio Nilo ainda possui muita importância. Com a usina
hidrelétrica
de Aswan ou Assuã (construída em 1971 e acabou resultando na perda do
período das cheias e vazantes, “obrigando” os agricultores a adotarem os
meios convencionais de cultivo), por exemplo, ou até como uma
“antiquada” via de transporte.
Curiosidades sobre o rio Nilo
- Os antigos egípcios o chamavam de itéru, que significava “grande rio” e também de Aur ou Ar, que significa “negro”.
- 90% da civilização do Egito mora às margens do rio.
- As planícies irrigadas permanentemente por ele podem chegar a produzir três colheitas por ano.
Imagens: Fabiano Camargo
O poder dos faraós
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
O Estado egípcio era teocrático, isto é, o poder era justificado pela
religiosidade. O faraó era tido como uni deus vivo: filho do Sol
(Amon-Rá) e encarnação do deus-falcão (Hórus). Rira os egípcios toda a
felicidade dependia do faraó e seu poder era ilimitado. Comandava os
exércitos, aplicava a justiça, organizava as atividades econômicas.
Ostentava uma coroa e um cetro, símbolos de sua autoridade.
O poder do faraó estendia-se a todos os setores da sociedade. Como
senhor supremo, comandava um exército de funcionários que recolhiam
impostos, fiscalizavam obras de irrigação, administravam projetos de
construção, controlavam a terra, mantinham registros e supervisionavam
os armazéns governamentais, onde o cereal era guardado para o caso de
unia má colheita. Para os povos do Egito Antigo, o faraó era o pai e a
mãe dos homens; um governante imbuído de autoridade sobrenatural para
recrutar o trabalho em massa necessário à manutenção do sistema de
irrigação.
A sociedade egípcia
Abaixo do faraó encontrava-se a nobreza composta pela família real,
pelos altos funcionários, e pela casta dos sacerdotes, que detinham
muito poder e tinham muita influência com o faraó. Os sacerdotes
administravam todos os bens que os fiéis e o próprio Estado ofereciam
aos deuses.
As funções da nobreza eram hereditárias, ou seja, passavam de pai
para filho. Abaixo da nobreza, estavam os numerosos escribas,
funcionários modestos, inúmeros sacerdotes de pequenos templos, oficiais
militares, artistas e artesãos especializados a serviço do faraó ou da
corte.
E, finalmente, sustentando as outras camadas, na base da pirâmide,
estavam os trabalhadores, que prestavam serviços sobretudo nas
pedreiras, minas, pirâmides, oficinas artesanais, agricultura.
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
Esses trabalhadores compunham a grande maioria da população. Viviam
com muita dificuldade, frequentemente eram analfabetos, pagavam tributos
ao Estado em forma de cereais, linho, gado ou outros produtos. Eram
também forçados a trabalhar em obras públicas na época da inundação do
Nilo. Moravam em cabanas e vestiam-se com roupas grosseiras.
A maior parte dos trabalhadores era composta pelos camponeses, que
eram obrigados a trabalhar, sem qualquer remuneração, nas obras públicas
do Estado. Os escravos estrangeiros também compunham a sólida base da
pirâmide social. Trabalhavam, principalmente, nas minas e pedreiras do
Estado, nas terras reais e nos templos, muitas vezes faziam parte do
exército em época de guerra e eram utilizados como escravos domésticos.
A religião dos egípcios
Após a morte, a alma seria conduzida pelo deus Anúbis até o Tribunal
de Osíris. Levaria consigo o Livro dos mortos, redigido pelos escribas e
que testemunhava suas virtudes, e seria julgada pelo deus Osíris na
presença de 42 deuses. Seu coração seria colocado num dos pratos de uma
balança e deveria pesar menos que a pena que se encontrava no outro
prato. Se fosse absolvida, a alma retornaria para encontrar o corpo.
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
Para isso se faziam inscrições nas paredes dos túmulos. Mas se fosse
condenada, a alma seria devorada por uma deusa com cabeça de crocodilo.
Os egípcios adoravam muitos deuses, por isso eram politeístas. Alguns
representavam o poder da natureza, como o Sol, a Terra e a Lua; outros
representavam ideias, como a verdade e a justiça; e outros ainda
misturavam a forma humana e animal. Estes eram os deuses
antropozoomórficos.
Antigo Império (3200 a.C. – 2300 a.C.)
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
A época dos primeiros faraós ficou conhecida como Antigo Império
Egípcio. Foi nesse período que os faraós tornaram-se grandes
edificadores. O tijolo foi substituído pela pedra para se construir as
pirâmides.
Sob forte controle do Estado, por volta do século XXVII a.C.,
ergueram-se as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, faraós da IV
dinastia, e a esfinge de Gizé. O território se estendeu e o comércio
marítimo no Mediterrâneo oriental se ampliou.
Por volta de 2300 a.C. a relativa estabilidade do Antigo Império foi
interrompida por diversos problemas internos: diminuição das enchentes
do Nilo, fome, pestes, gastos do Estado e revoltas sociais.
Em meio às disputas pelo poder, os chefes dos nomos tornaram-se mais
independentes. Aos poucos o poder centralizador do faraó ia
desaparecendo. A crise política desorganizava a produção agrícola,
fragilizando ainda mais a economia, Era o início de uma época de
dificuldades que facilitariam as invasões asiáticas, O Antigo Império
chegava ao fim.
Médio Império (2000 a.C. – 1 580 a.C.)
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
No século XXII a.C., os governantes de Tebas afirmaram seu poder e
fundaram a XI ditiastia, dos Mentuhoep, dando início ao Médio Império,
com capital em Tebas. Os canais de irrigação e contenção foram ampliados
e as aéreas de agricultura cresceram. O comércio também se desenvolveu,
favorecendo maior contato com outros povos.
A construção de templos e tumbas marcava a força de um Estado que
privilegiava poucos e explorava as comunidades camponesas. Questões
sociais e econômicas mais uma vez alimentavam as pressões políticas e
abalavam o poder dos faraós. Os camponeses protestavam enquanto as
elites locais voltavam a exigir mais poder.
As divisões internas facilitaram a penetração dos hebreus e dos hicsos,
que tiveram seu domínio facilitado pelo uso em larga escala de cavalos,
carros de guerra e armas mais resistentes, desconhecidas dos egípcios.
Novo Império (1 580 a.C. – 525 a.C.)
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
O sentimento de identidade cultural que crescia entre os egípcios, em
meio à luta contra os hicsos, acabou voltando-se contra os hebreus, que
findaram dominados e escravizados. Por volta de 1 250 a.C., os hebreus,
sob a liderança de Moisés, conseguiram fugir do
Egito, no episódio que ficou conhecido como Êxodo, registrado no Antigo Testamento da Bíblia.
No Novo Império, um Egito militarizado ampliava seus domínios.
Alargaram-se as fronteiras, da Núbia até o Eufrates. Ocorre uma
aceleração no intercâmbio cultural e comercial com outros povos. Os
fenícios, por exemplo, adquiriam os excedentes
agrícolas egípcios e os
revendiam por toda a bacia do Mediterrâneo.
Múmias do Egito Antigo e a Mumificação
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
De acordo com a religião
egípcia, a alma da pessoa necessitava de um corpo para a vida após a
morte. Portanto, devia-se preservar este corpo para que ele recebesse de
forma adequada a alma. Preocupados com esta questão, os egípcios
desenvolveram um complexo sistema de mumificação.
O processo de mumificação
O processo era realizado por especialistas em mumificação e seguia as seguintes etapas:
1º - O cadáver era aberto na região do
abdômen e retirava-se as víceras (fígado, coração, rins, intestinos,
estômago, etc. O coração e outros órgãos eram colocados em recipientes a
parte. O cérebro também era extraído. Para tanto, aplicava-se uma
espécie de ácido pelas narinas, esperando o cérebro derreter. Após o
derretimento, retirava-se pelos mesmos orifícios os pedaços de cérebro
com uma espátula de metal.
2º - O corpo era colocado em um recipiente com natrão (espécie de sal) para desidratar e também matar bactérias.
3º - Após desidratado, enchia-se o corpo com
serragem. Aplicava-se também alguns “perfumes” e outras substâncias para
conservar o corpo. Textos sagrados eram colocados dentro do corpo.
4º - O corpo era envolvido em faixas de linho branco, sendo que amuletos eram colocados entre estas faixas.
Após a múmia estar finalizada, era colocada
dentro de um sarcófago, que seria levado à pirâmide para ser protegido e
conservado. O processo era tão eficiente que, muitas múmias, ficaram
bem preservadas até os dias de hoje. Elas servem como importantes fontes
de estudos para egiptólogos. Com o avanço dos testes químicos, hoje é
possível identificar a causa da morte de faraós, doenças contraídas e,
em muitos casos, até o que eles comiam.
Graças ao processo de mumificação, os
egípcios avançaram muito em algumas áreas científicas. Ao abrir os
corpos, aprenderam muito sobre a anatomia humana. Em busca de
substâncias para conservar os corpos, descobriram a ação de vários
elementos químicos.
Curiosidades:
- Para transformar um corpo em múmia era muito caro naquela época. Portanto, apenas os faraós e sacerdotes eram mumificados.
- Alguns animais como, por exemplo, cães e gatos também foram mumificados no Egito Antigo.
A escrita no Egito Antigo
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Hieroglifos |
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
A
escrita egípcia era usada para fins sacros e cotidianos. Existiam três
tipos de escrita no Antigo Egito, a mais famosa são os hieróglifos,
conjunto de símbolos, que mais tarde evoluiu para o hierático, mais
cursivo, e depois para o demótico, quando a civilização egípcia passou a
ter mais contato com a cultura grega e romana.
Antes
de 3000a.C já usava-se hieróglifos como escrita, ou seja, é um dos
registros mais antigos da história da civilização. Esse tipo de escrita
tem um papel monumental e religioso, enfeitava túmulos, lápides e
paredes de palácios. Era um tipo de escrita difícil, criptográfica e
usada pela elite como instrumento de poder.
Os
escribas eram homens de uma classe privilegiada dentro da sociedade
egípcia. Para exercer essa função precisavam ter uma educação
especializada e quando se formavam assumiam cargos públicos no governo,
sendo responsáveis por todas as atividades burocráticas. Eles eram
responsáveis por contabilizar os tributos pagos ao governo, redigiam
leis, documentos de cunho religioso, histórico e pessoal do faraó entre
outras atividades.
Durante séculos
os hieroglifos não puderam ser compreendidos por historiadores e outros
estudiosos, mas depois das expedições de Napoleão Bonaparte ao Egito,
houve grande incentivo às pesquisas sobre documentos e as escavações em
todo Egito. Essa iniciativa contribuiu para o maior entendimento da
escrita egípcia antiga, assim como da sua sociedade, já que muitas vezes
esses documentos retratavam o cotidiano dos egípcios e seu modo de
vida.
Um
dos monumentos mais importantes que foram encontrados foi a Pedra
Roseta, uma lápide do faraó Ptolomeu. Nela estava escrita um texto de
agradecimento ao monarca em três tipos de escrita diferentes: em grego,
hieroglifos e demótico.
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Pedra Roseta |
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
Foi a partir desse texto que se pôde traduzir os
hieróglifos, afinal a tradução grega ajudou os estudiosos a entender os
símbolos egípcios. O maior responsável por essa tradução foi o
estudioso francês, Champollion que acompanhou a comitiva de cientistas
de Napoleão e teve a oportunidade de decifrar os misteriosos
hieróglifos.
A arte egípcia, por
sua vez, era um instrumento político e religioso. Nos três mil anos de
história dessa civilização, a arte serviu para divulgar as doutrinas
religiosas, retratar os deuses e os faraós, em um estilo padronizado que
pouco mudou durante todo esse tempo.
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Arte Egípcia |
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
Essa
arte encontra-se estampada nas paredes de túmulos pertencentes a
faraós, nos palácios onde esses moravam e em templos religiosos. O que
se constata nos desenhos feitos nesses ambientes são representações da
mitologia egípcia, a credibilidade na vida após a morte e a importância
da figura do faraó. Nesse caso, da importância social, os personagens
eram retratados segundo a hierarquia social por tamanho, os maiores
ocupavam melhor posição social que os menores.
A
padronização artística é importante nesse caso, os artistas não tinham
liberdade de usar um estilo próprio, eles deveriam seguir padrões
pré-determinados. Os desenhos obedeciam principalmente a lei da
frontalidade, que consiste na representação humana sempre com o tronco
de frente e os pés e a cabeça de perfil. É perceptível também a
linearidade presente nessas representações, a ausência de profundidade e
a paleta de cores variando basicamente entre preto, marrom e branco.
As
esculturas, eram feitas, primeiramente, com o objetivo de substituir
alguém que acabara de morrer. As primeiras eram sempre feitas de barro,
mas conforme a sociedade egípcia foi se desenvolvendo, foi possível
trabalhar com metais, como ouro, cobre e outros. Eram produzidos além de
esculturas, caixões com o formato exato do corpo do faraó e até
máscaras moldado em seu rosto para ser usada nas mumificações.
A economia no Antigo Egito
Imagem: Prof. Fabiano Camargo
A economia no Antigo Egito era baseada na
agricultura. O rio Nilo, com suas cheias, era uma dádiva dos deuses para
os egípcios. As terras cultivadas pertenciam ao Faraó, considerado pelo
seu povo rei, Deus e senhor absoluto, mas eram controladas pelos
sacerdotes, escribas e chefes militares que administravam os
trabalhadores livres e os escravos que ali cultivavam a terra.
Uma das características da economia egípcia era o poder centralizador do
Estado na figura do Faraó. A pedido do Imperador, os artesãos eram
requisitados para a construção de templos e para a fabricação de armas
para o exército. Com isso o comércio externo tornou-se possessão do
Estado, pois só ele dispunha de material em demasia para a exportação.
Era comum o cultivo do linho, do algodão, da vinha, dos cereais e da
oliveira. Os animais mais utilizados nesse período foram o boi e o asno,
mas existia a criação de carneiros, cabras e gansos. O uso do cavalo só
ocorreu no nono império, e o camelo, animal símbolo da civilização
egípcia, só foi utilizado na época de Ptolomeu. Apesar de a agricultura
ser a principal base econômica, já existiam em pequena quantidade
indústrias de cerâmicas, de mineração e têxteis.
Os povos egípcios comercializavam através do Mediterrâneo, ao que tudo
indica, foram os precursores. A matéria-prima para a construção dos
barcos vinha da Fenícia e o pagamento era baseado na troca de objetos de
arte e metais preciosos. O Egito também mantinha relações comerciais
com a Arábia e a Índia.
Os gregos forneciam plantas que serviriam como uma das matérias primas
utilizadas no processo de mumificação. Através de uma feitoria concedida
na margem esquerda do Delta, os estabelecimentos comerciais que ali
existiam efetuavam trocas, como o vinho, o azeite, a cerâmica e alguns
produtos metalúrgicos pelo trigo que faltava em suas cidades de origem.
As pequenas operações comerciais internas eram feitas por troca direta,
não existiam moedas, porém circulavam objetos de cobre e de ouro com
peso estável.
Religião no Antigo Egito
A religião exerceu bastante influência na vida do povo do
antigo Egito.
É ainda um dos aspectos dessa grande civilização antiga sob os quais os
arqueólogos talvez mais tenham conhecimento, devido às já famosas
pirâmides,
lugar de descanso eterno de importantes faraós, além da grande
quantidade de múmias encontradas, textos mortuários e similares.
No antigo Egito, entendia-se que homem e natureza deveriam conviver em harmonia para sempre. Seu culto era
politeísta
(crença em vários deuses, ao invés de um apenas, como na religião
cristã), onde cada deus atuava em um campo específico da vida dos
cidadãos. Haviam também deuses que combinavam o aspecto de homem e de
outros animais, como por exemplo
Anúbis, retratado com cabeça de chacal e corpo humano.
A criação do mundo de acordo com o culto egípcio prega que no início
de tudo havia apenas o Oceano Primal, um enorme oceano envolto em
trevas. Apesar de conter dentro de si toda a matéria que depois se
desenvolveria em vida, assim permaneceu, inerte, durante longo tempo. É
então que Nu, espírito da água primeva e pai dos deuses, decide por
criar o mundo, e ao pronunciar a palavra, o mundo existiu, na forma
previamente traçada na mente do espírito criador. A seguir, criou o ovo
(ou então flor em alguns relatos) do qual salta
Ra, deus sol, onde se acreditava estar o poder absoluto do espírito divino.
Mas sem dúvida o conceito mais intrigante do culto egípcio era o que
envolve a ressureição a uma vida futura, e a preparação dos mortos para
esta passagem de um nível para outro. O conceito de
mumificação
estava diretamente ligado a esse aspecto, pois, para os egípcios, sem
um corpo íntegro (sem mutilações) para se enterrar, a alma do morto não
poderia entrar incólume na vida eterna. Assim, todo cidadão, ao morrer,
passaria pelo processo de mumificação, ou seja, de preservação de seu
corpo. Todo este cerimonial estava ligado ao culto de
Osíris,
uma das deidades mais populares do Egito antigo, que, segundo a crença,
fora esquartejado em 14 pedaços por Set, sendo ressuscitado por Ísis,
sua irmã e esposa. Da união de Ísis e Osíris surge Hórus, que derrotaria
Set, vingando seu pai. Osíris era exemplo na causa da ressurreição dos
mortos.
Além desse aspecto mais conhecido, os egípcios tinham por hábito
eleger um deus como protetor de sua cidade. Além disso, eram erguidos
vários templos para adoração de uma divindade em especial, onde se
realizavam rituais e oferendas.
A religião ainda estava presente na estrutura de poder desta antiga
civilização. O faraó declarava parentesco com os deuses e era neles que
apoiava sua monarquia. Era o poderoso monarca que poderia assim, com sua
ligação divina, proporcionar uma agricultura fértil, além de uma ótima
condição de vida a cada cidadão.
Com as constantes invasões estrangeiras, o culto local acaba entrando
em decadência. Primeiro, ele se mistura com a religião grega, e vai
acumulando outros elementos quando o Egito é anexado pelo Império
Romano. Com a ascensão do cristianismo, o Egito é um dos lugares onde a
nova religião mais prospera, e por volta do século IV da nossa era, os
últimos templos de culto aos deuses egípcios eram demolidos.
Por
Prof. Fabiano Camargo